MinC dá posse aos integrantes do Plenário do CNPC

Depois de cerca de seis meses de processo eleitoral que contou com mais de 70 mil participantes, o Ministério da Cultura (MinC) deu posse nesta quarta-feira,16, aos novos conselheiros que integrarão o Pleno do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC).
Os 65 integrantes do Pleno do Conselho são brancos, negros, indígenas e mulheres, gestores ou artistas, de norte a sul do país. De 2015 a 2017, eles têm como missão serem consultores e participantes das discussões, construções e revisões de políticas para a cultura.
A cerimônia de posse foi realizada no salão azul do Hotel Nacional, em Brasília, com a participação de convidados, membros dos fóruns estaduais e municipais de cultura, de outros ministérios e dos dirigentes do Sistema MinC, que compõem o CNPC.
“Quando iniciamos este processo, dissemos que colocaríamos o CNPC em outro patamar e isso foi feito. Isso não seria possível se o Sistema MinC não abraçasse o CNPC”, afirmou o secretário de Articulação Institucional (SAI), Vinicius Wu, cuja secretaria encabeça a coordenação do CNPC.
Wu salientou que, a partir de uma reforma no regimento interno do Conselho, as reuniões serão mais transparentes e com mais participação popular. Da mesma forma, disse que haverá um esforço para dar um retorno maior aos conselheiros sobre as repercussões de suas discussões em termos práticos. “Vamos aumentar a efetividade dos canais e criar um aplicativo que disponibilize as informações das entregas do que estamos fazendo”, afirmou.
Além disso, ele informou que atuará para que o orçamento do ministério seja ainda mais transparente e apresentado de forma acessível para o entendimento do população.
Na sequência, o ator e novo conselheiro do CNPC Milton Gonçalves apresentou os nomes integrantes da nova composição do Pleno do CNPC e leu as mensagens da cantora Fernanda Abreu e do escritor Fernando Moraes, que não puderam comparecer ao avento.
Para o ministro Juca Ferreira, presidente do Conselho, houve um inegável e expressivo avanço na mobilização e participação social na eleição dos novos integrantes do maior conselho de cultura do país. “Além de representação e da garantia da diversidade, perseguimos a democratização de toda a gestão cultural do Brasil”, resumiu. “Este processo de participação social é para valer. Vamos compartilhar a formulação das políticas públicas e formulação de novos processos. Precisamos de base técnicas, procedimentos administrativos mais qualificados e precisamos de mais recursos”, completou.
Juca Ferreira chamou a atenção ainda do papel do Ministério de “alargar” o conceito de cultura, incluindo sua dimensão simbólica (além da econômica e cidadã), ao englobar a cultura de povos tradicionais, indígenas, afrodescentes, que ainda sofrem com a marginalização na sociedade.
“Passamos a trabalhar sim com parte da cultura (que não se trabalhava antes): valores, saberes, tradições populares. Tivemos que trazer as políticas culturais para esta noção mais complexa de cultura. Passamos a trabalhar com os Pontos de Cultura”, se referiu ao trabalho iniciado pelo ex-ministro Gilberto Gil em 2003. “Valorizamos os povos indígenas, os descendentes da África. Não se nega que hoje somos uma complexidade impressionante. Temos a maior colônia japonesa fora do Japão. Eslavos, Latino-americanos. Há novos fluxos. Eles são importantes e precisam ser considerados”, completou o ministro.

Veja aqui a lista completa dos integrantes do Pleno do CNPC

Juca: “Tratamos todo o mundo simbólico como parte da cultura”

Camila Campanerut
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura

O olhar, a voz e o voto dos agentes culturais brasileiros

Este discurso foi elaborado pelo ministro Juca Ferreira para a solenidade de divulgação dos resultados do CNPC, que não foi lido na ocasião. Publicamos aqui porque reflete seu pensamento quanto à importância da participação nos processos de construção democrática de diretrizes de políticas públicas.

Um país com as nossas dimensões e a nossa diversidade precisa de muitos canais de comunicação consigo mesmo. Somente assim poderemos dar conta da multiplicidade de motivações dos nossos agentes culturais e de suas formas de associação, dos problemas que enfrentam, das possibilidades que se abrem à sua frente quando são postos em suas mãos os instrumentos e os veículos de que necessitam para se exprimir.

Estamos diante de um cenário de significativa participação, com alto nível de representatividade. O Conselho Nacional de Política Cultural retrata o olhar, a voz e o voto dos agentes culturais brasileiros. Na eleição anterior, em 2012, foram 6.600 inscrições para candidatos e eleitores.  Agora, este número se elevou para mais de 70 mil. É o Brasil distante que se ergue e se torna visível de norte a sul. Impressiona-me aliás, que metade daqueles que se inscreveram sejam do Norte e Nordeste do Brasil. Vejo que adotamos uma dinâmica mais próxima do cidadão.

Vejo também que as pessoas não estão paradas à espera de uma ação governamental. Elas se organizam, elas vão à luta, elas produzem e criam, elas marcam sua presença nas mais diferentes áreas da cultura. E é o Governo que vai ao seu encontro para lhes dar a possibilidade de interferir nas políticas públicas, trazer sua opinião, sua contribuição e sua crítica.

Para a eleição deste ano, introduzimos algumas inovações visando uma maior abrangência, e um resultado que reflita melhor nossa realidade.

Passamos a incluir entre os inscritos os jovens com mais de 16 anos, na condição de eleitores.
Fizemos a simplificação dos cadastros, levando em conta que em muitos casos esse requisito se constitui num obstáculo para os que têm menos familiaridade com processos burocráticos.
Também diversificamos os canais de participação, que incluíram os meios digitais e também os encontros presenciais.

E a resposta que obtivemos foi a mais animadora possível. Em Belém, reunimos quase 700 pessoas numa quarta-feira. O Amapá surpreendeu a todos e foi capaz de reunir 1.300 pessoas naquele que foi o maior encontro presencial do país.

O novo Conselho que está surgindo através de todo este processo é um Conselho que reflete melhor o Brasil, que traz mais Brasil para dentro de si.  Um Brasil mais diversificado, capaz de reduzir as enormes distorções centralizadoras que têm sido uma constante em nossa História político-administrativa.

Merece registro também a realização dos Encontros Descentralizados, promovidos em conjunto pela sociedade civil em parceria com Secretarias e Conselhos Estaduais de Cultura. Eles são mais um instrumento de aproximação dos agentes culturais de áreas mais remotas.

Queremos que esta discussão envolva o Brasil inteiro, e uma das nossas palavras de ordem é a pluralidade, a abrangência, o diálogo e a diferenciação, a cultura total como a soma de milhões de culturas únicas. Cada uma delas refletindo por um lado o seu aqui e agora, mas trazendo por outro a herança comum de todos nós. O Brasil tem diferentes passados se encontrando e dialogando pela primeira vez no momento presente. Cabe a eles escolher o nosso futuro. E para isso precisamos discutir, argumentar, deliberar, decidir. Para que cada um de nós se sinta em alguma medida alguém que foi tocado pela cultura de todos.

Divulgado o resultado da etapa estadual do CNPC

Marcado pelo encontro de artistas, agentes culturais, secretários de cultura estaduais e municipais, a Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura (SAI/MinC) apresentou na noite de segunda-feira, dia 19, os resultados da etapa estadual do processo eleitoral do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). O Conselho é um órgão colegiado do MinC que tem por objetivo propor a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento e o fomento das atividades culturais. Ao todo, foram 545 eleitos distribuídos em 16 colegiados setoriais (Arquivos; Arquitetura e Urbanismo; Arte Digital; Artes Visuais; Artesanato; Circo; Culturas Afro-Brasileiras; Culturas Populares; Dança; Design; Livro, Leitura e Literatura; Moda; Música; Patrimônio Imaterial; Patrimônio Material; Teatro).

Veja aqui os resultados

Com a apresentação do mímico Miquéas Paz, o evento de apresentação dos eleitos, realizado no auditório do Ministério da Cultura, em Brasília, teve a mesa de abertura composta pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira; o secretário de Articulação Institucional do MinC, Vinícius Wu; o diretor do Sistema Nacional de Cultura, Eduardo Mattedi; o secretário de Cultura do Amapá, Disney Silva, e a administradora da Associação Indígena Gavião Kyikatêjê e representante do Colegiado Indígena do CNPC, Concita Sompré, que foi formado anteriormente (o processo eleitoral do Colegiado Indígena é feito separadamente dos demais, por suas especificidades).
Concita iniciou o discurso agradecendo a oportunidade que o novo CNPC terá na consolidação e manutenção da cultura indígena. “Muitas vezes os livros não mostram como somos, quando falam que nós só vivemos da caça e da pesca, vivemos em oca e aí nos deparamos com um não-indígena impressionado por morarmos em casa de alvenaria, usando roupas. Nessas horas sabemos que eles não acompanharam as nossas lutas”, explicou. “Estar nesse novo trabalho é um desafio. Apesar de ser uma liderança dentro da minha tribo, eu estou aqui para mostrar que a população indígena ganhou mais espaço. Eu falo pelo povo indígena, porque eu sou um dos mais de 800 indígenas deste País”.
O secretário Vinícius Wu disse em seu discurso que o conselho irá fortalecer os canais de comunicação com a sociedade civil. “Nos últimos anos, o Brasil criou uma série de canais para interação com a população. Nós conseguimos a partir de uma série de mecanismos institucionalizados escrever na história do Brasil a cidadania real compartilhada, nós precisamos colocar esses mecanismos no centro da estratégia do poder público”, explicou.
Durante a cerimônia, o ministro Juca Ferreira agradeceu o secretário de Cultura do Amapá, Disney Silva, pelo empenho do estado em ter sido o que mais participou no processo eleitoral de renovação do CNPC. Juca Ferreira também mostrou-se otimista ao lembrar que, mesmo em momento de crise, a cultura continua se mostrando forte e integrada com as demandas da sociedade.  “Esse foi um processo exemplar em meio a um momento de crise. Nós somos o ministério que já está conectado com o futuro, com a pós-crise. Trabalhamos com o respeito absoluto. Estamos construindo a consolidação do espírito cultural”, ressaltou.
Para novembro, estão previstos amplos debates, que serão aprofundados nos Fóruns Nacionais. Os eleitos, em cada estado e em cada Colegiado Setorial, estarão reunidos em três fóruns nacionais para construir a agenda do próximo biênio e proceder a eleição dos representantes, titulares e suplentes, de cada um dos Colegiados, além do pleno do CNPC.

Leia o discurso elaborado pelo ministro para a ocasião

Mariana Menezes
Assessoria de Comunicação

II Fórum Nacional de Cultura dos Povos Indígenas

II Fórum Nacional de Culturas Indígenas, realizado de 11 a 14 de agosto, em São Paulo (SP), teve como principais objetivos a renovação do Colegiado Setorial de Culturas dos Povos Indígenas e a atualização do Plano Nacional das Culturas Indígenas, documento norteador das políticas indígenas do Ministério da Cultura (MinC). O evento reuniu mais de 200 lideranças indígenas do Brasil, que debateram diversos pontos ligados a políticas culturais para seus povos.

Durante a cerimônia de encerramento do Fórum, que contou com a presença do Ministro da Cultura, Juca Ferreira, foi entregue o certificado de Patrimônio Cultural Brasileiro a Tava Miri São Miguel Arcanjo, lugar sagrado para o povo indígena guarani-mbyá, localizado no sítio histórico de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.

Leia a Carta do  II Fórum Nacional de Culturas Indígenas.

Na ocasião o colegiado elegeu 30 representantes da sociedade civil, sendo 15 titulares e 15 suplentes. Confira a seguir a lista dos delegados/as eleitos e fotos do fórum.

Representantes da Região Sul                                                                                                

Titulares:                                                                                                         

Ivan Bribis Rodrigues – Kaingang

Eunice Antunes – Guarani

Suplentes:                                                                                                       

Ana Paté

Lucimara Paté Xokleng

 

Representantes Região  Sudoeste                                                                                                     

Titulares:                                                                                                          

Osmar Verissimo Guarani

Lucas Benite Guarani

Suplentes:                                                                                                       

Antonisio Lulu Tupi Guarani

Adolfo Timóteo Guarani

 

Representantes Região Centro-Oeste                                                                                                              

Titulares:                                                                                                          

Marinildes Pires Francisco

Antônio Aparecido de Oliveira

Liberio Uiagumeareu

Suplentes:                                                                                                       

Junior Xukuru

Daniel Kadiwéu

Anuia Amarii Yawalapititi

 

Representantes Região Nordeste                                                                                                      

Titulares:                                                                                                          

José da Cruz Pankararu

Leila Pataxó

Denisia Cruz

Suplentes:                                                                                                       

Carlos Tuxá

João Kennedy

Graciliana

 

Representantes Região Norte                                                                                                

Titulares:      

Puyr Tembe

Ninawa Hunikuin

Nilcelio Rodrigues Jiahui

Suplentes:       

Amauri Kayapo

Jesiel Santos dos Santos Satere-Mawe

 

Mediadores:                                                                                                     

Titulares:                                                                                                         

Raoni Pataxó

Fernanda Kaingang

Suplentes: 

Concita Xerente

Lucio Xavante

 

Confira as fotos

Imagens: Alan Oju

Texto: Adriana Veloso Meireles